Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Início do conteúdo

A Construção do Prédio (1973 - 1976)

Acompanhe a  IIª parte do Relato Histórico sobre a PROCERGS

Publicação:

Relato Histórico sobre a construção do Prédio Sede (1973-1976)
Relato Histórico sobre a construção do Prédio Sede (1973-1976)
A Construção do Prédio (1973 - 1976) é a segunda parte do "Relato Histórico" sobre a PROCERGS, elaborado pela colega Janete da Rocha Machado. Confira !




O Centro Administrativo do Estado, assim como o conhecemos hoje, foi idealizado na segunda gestão de Loureiro de Silva (1960-1964). Grande investidor em obras públicas, Loureiro conseguiu, junto ao governo Jânio Quadros, os recursos necessários para viabilizar alguns dos principais projetos relacionados a  Maquete do Centro Administrativosaneamento, pavimentações e a construção de novos prédios públicos. Assim, em 1962 é sancionada a lei que determina a construção do Centro Administrativo nas proximidades da Avenida Borges de Medeiros e da Ponte de Pedra. 


Em torno de 1965, a grande faixa de terras roubadas do Guaíba, na área da Praia de Belas, indicava que era ali, portanto, o local ideal para se construir o complexo administrativo do Estado. Problemas como congestionamento de carros, entre outros, não haveria naquele local, espaçoso e longe do centro. Desta forma, o aterro da Praia de Belas seria a solução para centralizar a máquina administrativa. Foi na gestão de Telmo Thompson Flores, prefeito de Porto Alegre de 1969 a 1976, que foram solucionados problemas de saneamento, urbanismo, saúde, habitação e educação. Entre suas obras destaca-se o Complexo do Largo dos Açorianos, onde se encontra, atualmente, a Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul, a PROCERGS.


No ano de 1972, por meio do Decreto Lei nº 21.190, na gestão do governador Euclides Triches, é aprovado o projeto para a construção do CAERGS – Centro Administrativo do Estado do Rio Grande do Sul. O projeto, de Luiz Carlos Marcchi em visita à PROCERGSautoria dos arquitetos, Charles René, Ivanio Fontoura, Leopoldo Constanza, Cairo Albuquerque Silva e Luiz Carlos Macchi, equipe técnica da Secretaria de Desenvolvimento Regional e Obras Públicas do Estado, foi elaborado para garantir o máximo de eficiência no funcionamento das repartições administrativas centrais do Estado.


Ocupando uma área de aproximadamente 16 mil metros quadrados, o projeto previa a construção dos seguintes prédios: Palácio dos Despachos, Secretarias de Estado e Centro de Processamento de Dados, num total de 110 mil metros quadrados de área construída. Os jornais da época, entre eles o Correio do Povo e a Zero Hora, vinculavam, seguidamente, matérias ilustradas sobre o futuro CPD: “O Centro de Processamento de Dados evitará a multiplicidade de computadores no Estado e contribuirá para abstrair o individualismo da função pública, isto porque as informações não mais ficarão na memória do servidor, mas na do computador” (CORREIO DO POVO – 12/11/1972).


O conjunto arquitetônico da PROCERGS consistia, inicialmente, de dois blocos cilíndricos interligados. Mais conhecidos por “Queijão” e “Queijinho”, o primeiro, abrigaria as atividades de produção, e no segundo, estariam a administração e o refeitório para os funcionários. Conforme Macchi, um dos arquitetos responsáveis pela obra, seriam dois prédios independentes: “Eu tive a ideia do prédio circular, com o CPD Reunião com os engenheiros que projetaram a Companhia bem no centro, um imenso CPD com uma sala grande, e na sua volta, escritórios panorâmicos, sem nenhuma divisória, onde os funcionários poderiam ficar. Já o prédio administrativo (o queijinho) ficaria dentro de um lago. Era muito bonito mesmo!” (MACCHI, 2012).


As obras iniciaram em 1973 e logo adquiriram um ritmo acelerado. “O prédio que está quase pronto é o destinado ao Centro de Processamento de Dados. Faltam apenas os acabamentos internos, uma vez que a estrutura de concreto está sendo completada com as placas quebra-sol, pré-fabricadas. O arquiteto Cairo Albuquerque da Silva, responsável pela execução do projeto, disse que os serviços de computação de dados terão 11 mil metros quadrados de área útil, distribuídos em 3 andares circulares. O prédio do CPD será o 'pivô' de todo o complexo do Centro Administrativo, pois receberá e arquivará as informações das 14 secretarias e do gabinete do governador”. (FOLHA DA TARDE – 20/02/1975).


A constituição interna do prédio ficaria disposta da seguinte forma: no subsolo se distribuiriam a subestação, os geradores, o no-break e as baterias; no primeiro pavimento estariam as funções de apoio como recepção, garagens, almoxarifado, microfilmagem, salas de máquinas do ar condicionado, central de telefonia, proteção de incêndio e segurança; no segundo pavimento, localizar-se-iam a sala do computador com os serviços de preparação de documentos, digitação e o controle de produção e qualidade. A fitoteca, a discoteca, as salas do técnico da manutenção, os depósitos de formulários contínuos, as salas de chefia de operações ficariam diretamente ligadas à sala do computador. E, por fim, o terceiro pavimento seria destinado aos setores de análise e programação da empresa. “O prédio do Centro de Processamento de Dados teve prioridade, e seus 11 mil metros quadrados de área construída poderão ser inaugurados ainda este ano, como calcula Otávio Germano, secretário do Interior, Desenvolvimento Regional e Obras Públicas”. (FOLHA DA TARDE – 16/08/1976)


Para Machi, o projeto da PROCERGS adquiriu destaque devido à concepção da época, na qual a informática, uma atividade nova no país, carecia de um prédio que justificasse sua importância. O Centro de Processamento de Dados deveria ser a máquina para fazer funcionar o Estado. Assim, todo o projeto foi concebido a partir da ideia de que a informatização e os processos eletrônicos iriam capitanear o negócio público. A concepção do prédio circular surge em harmonia com a curva parabólica da cortina de concreto do edifício do CAFF e com o monumento aos açorianos. Para Macchi, o projeto do prédio redondo da PROCERGS simbolizava a máquina e suas engrenagens. Uma forma quase abstrata de um prédio público.


No final de 1975, a Zero Hora noticiava a paralisação das obras do complexo. Na ocasião, o governo do estado estava priorizando outros investimentos, como transportes e saneamento. “O tobogã, apelido da pirâmide, parou no décimo andar e o queijão, o prédio circular dos computadores, estará pronto até abril de 1976. O queijinho será iniciado tão logo a Secretaria da Educação e Cultura autorize a demolição do Colégio Parobé”. (ZERO HORA – 01/12/1975).


O “queijinho”, que seria erguido no local onde hoje se encontra a escola Parobé, não saiu do papel, porém o prédio principal da PROCERGS foi concluído, e, em 1976 passou a centralizar todas as atividades relacionadas à informatização do Estado. “O Parobé ia ser transferido lá para a Avenida das Indústrias, atrás do aeroporto. Era uma escola técnica excelente e ficaria conveniada com aquelas indústrias, uma parceria com elas. Hoje as pessoas perguntam, por que tu ‘colou’ a porta de entrada da PROCERGS no Parobé? Elas não entendem que o projeto não foi concluído. Penso que uma obra dessas é difícil concluir em quatro anos de governo. Depois do Euclides Triches (governador), o próximo, que foi o Guazelli, deveria ter dado continuidade ao projeto, o que não ocorreu. Depois veio o outro governo que foi o do Jair Soares” (MACCHI, 2012).


A construção da PROCERGS levou três anos, foi de 1973 a 1976, quando foi inaugurada pelo então presidente Flávio Sehn. Até essa data, a empresa funcionava no décimo segundo andar do prédio do Banrisul, no centro da cidade. “O Centro de Processamento será o cérebro de todo o esquema de informações. As decisões serão tomadas sem interferência do funcionário, através de canais de teleprocessamento. Cada secretário terá no seu gabinete um canal com espaço reservado no computador” (CORREIO DO POVO – 17/02/1980).


Assim, o complexo arquitetônico do Centro Administrativo do Estado, do qual faz parte a PROCERGS, constituiu-se, ao longo dos anos, pela sua forma e importância, num marco característico da fisionomia urbana da cidade. Indissociável do monumento em homenagem aos açorianos e da lendária Ponte de Pedra, o prédio da PROCERGS compõe o cenário histórico de Porto Alegre, idealizado por Loureiro da Silva, o qual acrescentou modernidade à metrópole.

REFERÊNCIAS
AQUILES, Porto Alegre. História Popular de Porto Alegre. Porto Alegre: Prefeitura Municipal, 1940.
ARQUIVO HISTÓRICO DE PORTO ALEGRE MOYSÉS VELLINHO. História de Porto Alegre. Porto Alegre, 2012.
MACCHI, LUIZ CARLOS. Entrevista concedida à autora. Porto Alegre, jul. 2008.
FARIA L.A.; Ubatuba de; PAIVA, Edvaldo P. Contribuição ao estudo da urbanização de Porto Alegre. Porto Alegre: Secretaria de Planejamento Urbano, 1938.
FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre: guia histórico. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1998.
MONTEIRO, Charles. Breve História de Porto Alegre. Porto Alegre. Ed. da Cidade; Letra e Vida, 2012.
MUSEU DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HIPÓLITO JOSÉ DE COSTA. História de Porto Alegre. Porto Alegre, 2012.
MUSEU DE PORTO ALEGRE JOAQUIM JOSÉ FELIZARDO. História de Porto Alegre. Porto Alegre, 2012.



Arquivos anexos

PROCERGS - Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio Grande do Sul S.A.