Estes Conhecem a Nossa História
A PROCERGS sempre foi prioridade na vida de Decio Audibert. Por diversas vezes, interrompeu projetos pessoais para dedicar-se às
Publicação:

DECIO AUDIBERT
Antes de entrar na companhia o que tu fazias ?
Eu trabalhei meio ano na PUCRS, na faculdade de Ciências Biológicas na época... Medicina hoje. Depois eu passei oito meses “encostado” na família. Trabalhava em casa com meu pai e procurava concurso “de um lado para o outro”. Tentei Corsan, Banrisul e consegui entrar na PROCERGS em uma vaga de cinco. Fui o sétimo classificado. Tive sorte: o segundo colocado não compareceu, o sexto desistiu... Consegui pegar a vaga entre os cinco.
Como ficou sabendo do concurso da PROCERGS ?
Através do jornal Correio do Povo.
És natural...
Pela documentação, Carlos Barbosa. Mas pelo tempo de existência do municipio, é Garibaldi. Quando eu tirei a segunda via da certidão de nascimento, Carlos Barbosa tinha se emancipado e a escrivã botou Carlos Barbosa.
Por que vieste para Porto Alegre ?
Vim para fazer faculdade de Engenharia ou Administração. A minha ideia inicial era ser engenheiro. Depois acabou ficando tudo para trás...
O que teus pais faziam ?
Quando vieram para Porto Alegre, meus pais abriram um armazém. Trabalhavam os dois no estabelecimento. Como sou filho único, nos finais de semana e à noite eu dava uma mão no armazém.
Time do coração ?
Sou gremista, mas também já fui atleta...
Como assim ?
Quando entrei na PROCERGS eu recém tinha deixado o futebol.
Nos conta esta história...
Quando eu estava em Garibaldi, eu jogava pelo time local, o Guarany. Então quando eu vim para Porto Alegre, em 1972, no último ano eu disputei o Campeonato Estadual, divisão de acesso. Eu era ponteiro direito e apanhava do Felipão nos treinos.
O Felipão que foi técnico da seleção brasileira ?
Sim, cheguei a treinar com o Felipão no Guarany, mas nunca joguei com ele. Para quem não sabe, o Felipão jogou um ano pelo Guarany de Garibaldi, em 1970,e eu sai de lá em 1972. Em 1970 eu tinha 18 anos e ficava no banco...
O Guarany foi o único time em que atuou ?
Eu joguei no Juventude de Garibaldi, mas era amador... Profissional foi só no Guarany. Também joguei futebol de salão pelo time da firma, e de campo também. Inclusive eu ganhei títulos pela PROCERGS.
Quando jogavas no Guarany, qual era a tua característica como ponteiro ?
Só pelo flanco. Ia até a linha de fundo e dava um balão para a área. E no futebol de salão eu jogava atrás, mas eu tinha habilidade, era do estilo driblador...
Lembra da época em que o Ronaldinho Gaúcho jogou pela PROCERGS ?
Eu já estava meio que largando o futebol. Cheguei a ver alguns jogos dele, mas já tinha passado a minha fase, eu já estava com trinta e um ou trinta e dois anos quando o Ronaldinho começou aqui. Eu já tinha saído, mas eu joguei quatro ou cinco anos na seleção da firma. Futebol de salão eu estava jogando, eu, o Wilson, o Régis, o Mano. Alguns deles estão aqui ainda.
Quando entraste aqui na PROCERGS, qual era a tua função ?
O cargo era técnico em preparação de dados, mas a função era perfurador e digitador. Na época só tinha perfuração, mas logo depois entrou digitação. Eu entrei em fevereiro e fiquei até abril fazendo estágio probatório - foram 40 dias ... Em julho já entrou as DE’s, uma máquina para gravar em K7, ai já começou a digitação.
Lembra da data da tua admissão ?
16 de abril de 1973. Eu entrei para o estágio em 26 de fevereiro, comecei na noite.
Quais foram as tuas primeiras impressões quando começaste a trabalhar aqui na PROCERGS ?
Para mim era um monstro... nunca tinha ouvido falar em computador e agora eu ia começar a trabalhar com isso. Me assustei bastante no ínicio, não conhecia nada. A chefe era bem exigente, eram todas mulheres as chefes da digitação e perfuração, e os homens estavam na preparação, que era mais a parte do controle.
Qual era o horário de trabalho naquela época ?
Das 19h às 00h37min. A partir das 22h eram 52 minutos, conforme prevê a lei do adicional noturno. Daí eles não pagavam o adicional, dá perto de oito minutos por hora de desconto, que era o tempo que eles consideravam adicional noturno.
No teu turno quantas pessoas trabalhavam contigo ?
De noite eram os cinco que haviam passado no concurso e mais duas pessoas.
Como foi o início ?
Nós tivemos quarenta dias de estágio, fazendo testes. Mas todos estavam fazendo produção e ninguém sabia... fazendo folha de pagamento normal para os clientes, mas achávamos que era somente teste.
Quais eram as demandas mais frequentes ?
O que a gente mais fazia eram multas da polícia... a grande dificuldade estava em decifrar as anotações dos brigadianos e policiais para depois repassar nos cartões... um erro e tínhamos que fazer tudo de novo.
Depois de interpretar o que o policial havia escrito, como era repassada a informação ?
Perfurávamos os cartões com a máquina... Rua tal, horário tal.
Quantas ocorrências policiais vocês faziam por dia ?
No início não havia metas. Depois tínhamos que atingir uma capacidade mínima para poder ficar na área. Depois entrou a tecnologia de gravação de K7 - ficando o processo de perfuração para trás. Eu dava em média 17000 toques por hora.
Depois de colocarem as informações nos cartões, como era o processo ?
Tinha uma leitora que utilizávamos para ver se estava tudo certo. Essas máquinas foram pouco tempo. Ficamos trabalhando nela de março a julho de 1972. Depois entrou as DE’s. Começamos a gravar em fita K7.
A entrada dos K7’s ajudou a agilizar o processo ?
Bastante, pois as conferências eram feitas na própria máquina, não era mais necessário refazer tudo, como ocorria com os cartões. O reprocessamento era violento antes...
E como eram as regras naquela época ?
Eram regras bem rigorosas. Para ir no banheiro, tinha horário, para fumar, tinha horário, para tomar cafezinho... tinha horário. Enfim, tinha horário para tudo. Eram 10 minutos de intervalo... tu ia e voltava e fim de papo. Para sair fora do horário tinha que pedir para o chefe da área externa. Não podia conversar no trabalho, se tu fazia isso, já vinha a chefe chamar a atenção.
Quais eram os principais clientes nessa época ?
Já tinha entrado a Corsan, que era o serviço mais complicado, porque tinha que digitar os lançamentos da contabilidade. E como eu era o mais rápido da digitação, sobrava para mim. Era alfa numérico. Aí já começou a entrar o retorno do ICMS... Daí tinha que chamar o pessoal para fazer os projetos, porque era quatro meses para fazer tudo. Mas esse eu não trabalhei, porque em 74, o primeiro ano que entrou o ICMS, eu fui deslocado para Polícia Civil.
Foi fazer o que lá ?
Fui para área externa, a fim de implantar carteiras de identidade... a primeira carteira de identidade verde...eu e o Ubirajara trabalhávamos na preparação. Ele era o chefe da noite e eu do dia.
Qual era o nome desse setor ?
Locações. Era o setor que atendia a parte externa. Era polícia e IPERGS. Implantamos carteira de identidade na polícia. Eu fiquei de 1974 a 1976.
Como era a tua rotina no Setor Locações ?
Eu chegava entre 7h30 e 8h e saia normalmente às 20h... trabalhava doze horas por dia...Eu trabalhava diretamente no cliente, na Secretaria de Segurança – que no início ficava na João Pessoa e depois foi para a Princesa Isabel.
O que exatamente tu fazias ?
Eu era chefe da área. No início eram seis funcionários: dois de manhã, dois de tarde e dois de noite. Aí depois passou dois para madrugada e ficou oito. Mais tarde começou a entrar estagiários. No fim eu estava com quatro de manhã, quatro de tarde, dois de noite e dois de madrugada, eram doze no total...
Vocês davam treinamentos aos funcionários ?
Sim, tanto em relação a como operar os equipamentos quanto sobre o serviço em si.
Levava quanto tempo para os funcionários terem autonomia sobre os equipamentos ?
Era geralmente rápido, pois era tudo equipamento novo e a gurizada era nova, e quem sofria mais para aprender eram os funcionários mais antigos. Eu tinha 20 anos e o pessoal que estava entrando tinha entre 20 e 21.
E o que fizeste na sequência ?
Em 1976, entrei na Expedição. Fazíamos a conferência final de toda a documentação da empresa... quem dava o OK se estava certo ou não, éramos nós; fazíamos o checklist de tudo... era uma grande responsabilidade... qualquer erro e a culpa recaía em nós. Nós éramos dois por turno, de um total de quatro. Tinha que destacar e separar os papéis, montar envelopes, tirar carbono, picotar... De vez em quando nós estávamos embaixo das remalinas, principalmente quando era serviço para a Caixa... eram sessenta a setenta caixas de relatório da Caixa a serem preparados, ... E eles cobrando: “Vai vir esse relatório ou não ?”
Na Expedição ficaste quanto tempo ?
De 1976 a 1978. Em 1978 eu passei para o Planejamento.
E como era no Planejamento ?
Era a área responsável por atender os clientes e onde trabalhavam os analistas de negócios. Ali se elaboravam os contratos... tudo era feito de forma manual naquela época.
Eram quantos AN’s?
Cinco quando eu entrei.
Lembra-se de algum ?
O Silvio Azevedo, mas ele não estava quando eu entrei na época. Quando eu entrei era o Garcia, o Sérgio Stangler, Sérgio Eller, o José Otávio...O Muller era o gerente... e tinha outro gerente que agora eu não lembro.
Cada AN atendia quantos clientes ?
Dependia. Tinha um que atendia a Caixa e um que atendia a Fazenda. Depois tinha outro que atendia a área social e outro atendia a área de segurança.
Qual era a rotina deles ?
O AN ia até o cliente ver o que ele queria e a gente redigia um contrato e mandava para área jurídica para conferir se estava tudo certo.
No Planejamento tu era o chefe ?
Eu era o “courinho” deles (risos). Eram só os AN’s, eu e o gerente. Eu que atendia todos os AN’s, todas as demandas deles caiam na minha mesa. Controlava os contratos, o faturamento, abertura e encerramento de O.S. , tudo era comigo, toda parte administrativa e burocrática... A parte de atendimento com os clientes eram com eles.
Era só tu quem tratava dessa parte burocrática ?
Era só eu... sempre foi pouca gente para atender essa área, até pouco tempo atrás. Em 1998 ainda era só dois. Era a Ana, que trabalha comigo agora e o falecido Bonotto.
Tu não ficava junto com os AN’s ?
Sim, na entrada tinha uma salinha à esquerda e os AN’s eram à direita.
Tu sempre gostou dessa parte administrativa? Lidar com papéis...
O meu primeiro emprego foi em um escritório de contabilidade, antes de vir para Porto Alegre, dos quinze aos dezoito anos. Eu trabalhava só com cálculos... a minha especialização era Fundo de Garantia.
Como tu percebias a visão dos clientes em relação à Companhia ?
A única visão que nós tínhamos na época é que a Caixa era bem exigente, qualquer coisa que atrasasse vinha reclamações de cima para baixo... telefonavam para o diretor... As dez horas da manhã o relatório tinha que estar na agência, senão tu não tinha como abrir a agência, pois não tinha saldo... naquela época era tudo no papel. Hoje não, tu vai no terminal e olha o saldo do cliente...
As mudanças tecnológicas são uma constante na vida de quem trabalha na PROCERGS...
É verdade. Muda a tecnologia, muda o sistema, muda chefe, gerente, diretor e muda todas as perguntas... Muda todo o processo.
O que fizeste depois de trabalhar com os AN’s ?
Quando faleceu um colega nosso da área de custos, o Dionísio me pediu para substituí-lo, daí eu fui para a DCS. Fiquei trinta anos nesse setor.
A tua primeira atividade na DCS foi ?
Custos e faturamento. Quando eu fui para DCS eu levei o faturamento que estava comigo na área de mercado. Faturamento, abertura de O.S.... só ficou a parte de contratos com a área de mercado na época.
Ficaste trabalhando na área de custos quanto tempo ?
Até 1999, dezenove anos.
Depois passaste para... ?
Depois eu passei para o financeiro...São 11 anos nesta área..
Quais foram os pontos positivos que tu consideras nesse período inicial na Companhia ?
Um dos grandes pontos positivos é que como a empresa era menor, todo mundo sabia onde a Empresa queria chegar. Todos os funcionários tinham conhecimento das diretrizes da Companhia
Então vocês tinham naquela época mais facilidade de visualizar os objetivos ?
Sim, o gerente chamava e falava: “o nosso norte é esse aqui... vocês tem que fazer isso... essa é a regra e daqui não pode passar”. Como as coisas eram rígidas, tu tinha que saber até onde podia ir.
Qual a tua formação escolar ?
Eu comecei faculdade de Administração na UNISINOS. Mas na época, como eu era responsável pelo orçamento da empresa, desde 1980, em 1982 eu tive que optar entre ficar na PROCERGS ou ficar na faculdade.Na época eu achei melhor ficar na Companhia, e nunca mais voltei.
Quais os momentos mais importantes para ti aqui dentro da PROCERGS ?
O mais importante foi justamente quando eu tomei a decisão de largar a faculdade e continuar na PROCERGS. Foi uma decisão difícil.
Naquela época teve alguma pressão da família ?
Não, na realidade a pressão foi mais da empresa, que precisava de mim... Tinha dias que eu nem ia fazer a prova na faculdade Eu já tinha tomado pau em 1981, repetindo cadeiras do curso de Administração. Eu vi que não estava dando... estava no quarto semestre fazendo cadeiras do primeiro e do segundo...
Dizem que trabalhar na PROCERGS, naquela época, era sinônimo de status.
Sim, era muito boa a remuneração na época... lembro que eram dois salários mínimos... Eu tinha carro, consegui comprar uma casa... e ainda aplicava tudo no armazém.
Na tua opinião qual é a receita para ter disposição no trabalho ?
É tu gostar do que faz.
Sempre gostaste da tua atividade ?
Eu sempre gostei de números. Com dezesseis anos eu já dava aula particular de matemática.
Mas no dia em que deixar a PROCERGS, que lembrança ficará ?
Foi a metade da minha vida... não é cinco ou seis anos.
Antes de entrar na companhia o que tu fazias ?
Eu trabalhei meio ano na PUCRS, na faculdade de Ciências Biológicas na época... Medicina hoje. Depois eu passei oito meses “encostado” na família. Trabalhava em casa com meu pai e procurava concurso “de um lado para o outro”. Tentei Corsan, Banrisul e consegui entrar na PROCERGS em uma vaga de cinco. Fui o sétimo classificado. Tive sorte: o segundo colocado não compareceu, o sexto desistiu... Consegui pegar a vaga entre os cinco.
Como ficou sabendo do concurso da PROCERGS ?
Através do jornal Correio do Povo.
És natural...
Pela documentação, Carlos Barbosa. Mas pelo tempo de existência do municipio, é Garibaldi. Quando eu tirei a segunda via da certidão de nascimento, Carlos Barbosa tinha se emancipado e a escrivã botou Carlos Barbosa.
Por que vieste para Porto Alegre ?
Vim para fazer faculdade de Engenharia ou Administração. A minha ideia inicial era ser engenheiro. Depois acabou ficando tudo para trás...
O que teus pais faziam ?
Quando vieram para Porto Alegre, meus pais abriram um armazém. Trabalhavam os dois no estabelecimento. Como sou filho único, nos finais de semana e à noite eu dava uma mão no armazém.
Time do coração ?
Sou gremista, mas também já fui atleta...
Como assim ?
Quando entrei na PROCERGS eu recém tinha deixado o futebol.
Nos conta esta história...
Quando eu estava em Garibaldi, eu jogava pelo time local, o Guarany. Então quando eu vim para Porto Alegre, em 1972, no último ano eu disputei o Campeonato Estadual, divisão de acesso. Eu era ponteiro direito e apanhava do Felipão nos treinos.
O Felipão que foi técnico da seleção brasileira ?
Sim, cheguei a treinar com o Felipão no Guarany, mas nunca joguei com ele. Para quem não sabe, o Felipão jogou um ano pelo Guarany de Garibaldi, em 1970,e eu sai de lá em 1972. Em 1970 eu tinha 18 anos e ficava no banco...
O Guarany foi o único time em que atuou ?
Eu joguei no Juventude de Garibaldi, mas era amador... Profissional foi só no Guarany. Também joguei futebol de salão pelo time da firma, e de campo também. Inclusive eu ganhei títulos pela PROCERGS.
Quando jogavas no Guarany, qual era a tua característica como ponteiro ?
Só pelo flanco. Ia até a linha de fundo e dava um balão para a área. E no futebol de salão eu jogava atrás, mas eu tinha habilidade, era do estilo driblador...
Lembra da época em que o Ronaldinho Gaúcho jogou pela PROCERGS ?
Eu já estava meio que largando o futebol. Cheguei a ver alguns jogos dele, mas já tinha passado a minha fase, eu já estava com trinta e um ou trinta e dois anos quando o Ronaldinho começou aqui. Eu já tinha saído, mas eu joguei quatro ou cinco anos na seleção da firma. Futebol de salão eu estava jogando, eu, o Wilson, o Régis, o Mano. Alguns deles estão aqui ainda.
Quando entraste aqui na PROCERGS, qual era a tua função ?
O cargo era técnico em preparação de dados, mas a função era perfurador e digitador. Na época só tinha perfuração, mas logo depois entrou digitação. Eu entrei em fevereiro e fiquei até abril fazendo estágio probatório - foram 40 dias ... Em julho já entrou as DE’s, uma máquina para gravar em K7, ai já começou a digitação.
Lembra da data da tua admissão ?
16 de abril de 1973. Eu entrei para o estágio em 26 de fevereiro, comecei na noite.
Quais foram as tuas primeiras impressões quando começaste a trabalhar aqui na PROCERGS ?
Para mim era um monstro... nunca tinha ouvido falar em computador e agora eu ia começar a trabalhar com isso. Me assustei bastante no ínicio, não conhecia nada. A chefe era bem exigente, eram todas mulheres as chefes da digitação e perfuração, e os homens estavam na preparação, que era mais a parte do controle.
Qual era o horário de trabalho naquela época ?
Das 19h às 00h37min. A partir das 22h eram 52 minutos, conforme prevê a lei do adicional noturno. Daí eles não pagavam o adicional, dá perto de oito minutos por hora de desconto, que era o tempo que eles consideravam adicional noturno.
No teu turno quantas pessoas trabalhavam contigo ?
De noite eram os cinco que haviam passado no concurso e mais duas pessoas.
Como foi o início ?
Nós tivemos quarenta dias de estágio, fazendo testes. Mas todos estavam fazendo produção e ninguém sabia... fazendo folha de pagamento normal para os clientes, mas achávamos que era somente teste.
Quais eram as demandas mais frequentes ?
O que a gente mais fazia eram multas da polícia... a grande dificuldade estava em decifrar as anotações dos brigadianos e policiais para depois repassar nos cartões... um erro e tínhamos que fazer tudo de novo.
Depois de interpretar o que o policial havia escrito, como era repassada a informação ?
Perfurávamos os cartões com a máquina... Rua tal, horário tal.
Quantas ocorrências policiais vocês faziam por dia ?
No início não havia metas. Depois tínhamos que atingir uma capacidade mínima para poder ficar na área. Depois entrou a tecnologia de gravação de K7 - ficando o processo de perfuração para trás. Eu dava em média 17000 toques por hora.
Depois de colocarem as informações nos cartões, como era o processo ?
Tinha uma leitora que utilizávamos para ver se estava tudo certo. Essas máquinas foram pouco tempo. Ficamos trabalhando nela de março a julho de 1972. Depois entrou as DE’s. Começamos a gravar em fita K7.
A entrada dos K7’s ajudou a agilizar o processo ?
Bastante, pois as conferências eram feitas na própria máquina, não era mais necessário refazer tudo, como ocorria com os cartões. O reprocessamento era violento antes...
E como eram as regras naquela época ?
Eram regras bem rigorosas. Para ir no banheiro, tinha horário, para fumar, tinha horário, para tomar cafezinho... tinha horário. Enfim, tinha horário para tudo. Eram 10 minutos de intervalo... tu ia e voltava e fim de papo. Para sair fora do horário tinha que pedir para o chefe da área externa. Não podia conversar no trabalho, se tu fazia isso, já vinha a chefe chamar a atenção.
Quais eram os principais clientes nessa época ?
Já tinha entrado a Corsan, que era o serviço mais complicado, porque tinha que digitar os lançamentos da contabilidade. E como eu era o mais rápido da digitação, sobrava para mim. Era alfa numérico. Aí já começou a entrar o retorno do ICMS... Daí tinha que chamar o pessoal para fazer os projetos, porque era quatro meses para fazer tudo. Mas esse eu não trabalhei, porque em 74, o primeiro ano que entrou o ICMS, eu fui deslocado para Polícia Civil.
Foi fazer o que lá ?
Fui para área externa, a fim de implantar carteiras de identidade... a primeira carteira de identidade verde...eu e o Ubirajara trabalhávamos na preparação. Ele era o chefe da noite e eu do dia.
Qual era o nome desse setor ?
Locações. Era o setor que atendia a parte externa. Era polícia e IPERGS. Implantamos carteira de identidade na polícia. Eu fiquei de 1974 a 1976.
Como era a tua rotina no Setor Locações ?
Eu chegava entre 7h30 e 8h e saia normalmente às 20h... trabalhava doze horas por dia...Eu trabalhava diretamente no cliente, na Secretaria de Segurança – que no início ficava na João Pessoa e depois foi para a Princesa Isabel.
O que exatamente tu fazias ?
Eu era chefe da área. No início eram seis funcionários: dois de manhã, dois de tarde e dois de noite. Aí depois passou dois para madrugada e ficou oito. Mais tarde começou a entrar estagiários. No fim eu estava com quatro de manhã, quatro de tarde, dois de noite e dois de madrugada, eram doze no total...
Vocês davam treinamentos aos funcionários ?
Sim, tanto em relação a como operar os equipamentos quanto sobre o serviço em si.
Levava quanto tempo para os funcionários terem autonomia sobre os equipamentos ?
Era geralmente rápido, pois era tudo equipamento novo e a gurizada era nova, e quem sofria mais para aprender eram os funcionários mais antigos. Eu tinha 20 anos e o pessoal que estava entrando tinha entre 20 e 21.
E o que fizeste na sequência ?
Em 1976, entrei na Expedição. Fazíamos a conferência final de toda a documentação da empresa... quem dava o OK se estava certo ou não, éramos nós; fazíamos o checklist de tudo... era uma grande responsabilidade... qualquer erro e a culpa recaía em nós. Nós éramos dois por turno, de um total de quatro. Tinha que destacar e separar os papéis, montar envelopes, tirar carbono, picotar... De vez em quando nós estávamos embaixo das remalinas, principalmente quando era serviço para a Caixa... eram sessenta a setenta caixas de relatório da Caixa a serem preparados, ... E eles cobrando: “Vai vir esse relatório ou não ?”
Na Expedição ficaste quanto tempo ?
De 1976 a 1978. Em 1978 eu passei para o Planejamento.
E como era no Planejamento ?
Era a área responsável por atender os clientes e onde trabalhavam os analistas de negócios. Ali se elaboravam os contratos... tudo era feito de forma manual naquela época.
Eram quantos AN’s?
Cinco quando eu entrei.
Lembra-se de algum ?
O Silvio Azevedo, mas ele não estava quando eu entrei na época. Quando eu entrei era o Garcia, o Sérgio Stangler, Sérgio Eller, o José Otávio...O Muller era o gerente... e tinha outro gerente que agora eu não lembro.
Cada AN atendia quantos clientes ?
Dependia. Tinha um que atendia a Caixa e um que atendia a Fazenda. Depois tinha outro que atendia a área social e outro atendia a área de segurança.
Qual era a rotina deles ?
O AN ia até o cliente ver o que ele queria e a gente redigia um contrato e mandava para área jurídica para conferir se estava tudo certo.
No Planejamento tu era o chefe ?
Eu era o “courinho” deles (risos). Eram só os AN’s, eu e o gerente. Eu que atendia todos os AN’s, todas as demandas deles caiam na minha mesa. Controlava os contratos, o faturamento, abertura e encerramento de O.S. , tudo era comigo, toda parte administrativa e burocrática... A parte de atendimento com os clientes eram com eles.
Era só tu quem tratava dessa parte burocrática ?
Era só eu... sempre foi pouca gente para atender essa área, até pouco tempo atrás. Em 1998 ainda era só dois. Era a Ana, que trabalha comigo agora e o falecido Bonotto.
Tu não ficava junto com os AN’s ?
Sim, na entrada tinha uma salinha à esquerda e os AN’s eram à direita.
Tu sempre gostou dessa parte administrativa? Lidar com papéis...
O meu primeiro emprego foi em um escritório de contabilidade, antes de vir para Porto Alegre, dos quinze aos dezoito anos. Eu trabalhava só com cálculos... a minha especialização era Fundo de Garantia.
Como tu percebias a visão dos clientes em relação à Companhia ?
A única visão que nós tínhamos na época é que a Caixa era bem exigente, qualquer coisa que atrasasse vinha reclamações de cima para baixo... telefonavam para o diretor... As dez horas da manhã o relatório tinha que estar na agência, senão tu não tinha como abrir a agência, pois não tinha saldo... naquela época era tudo no papel. Hoje não, tu vai no terminal e olha o saldo do cliente...
As mudanças tecnológicas são uma constante na vida de quem trabalha na PROCERGS...
É verdade. Muda a tecnologia, muda o sistema, muda chefe, gerente, diretor e muda todas as perguntas... Muda todo o processo.
O que fizeste depois de trabalhar com os AN’s ?
Quando faleceu um colega nosso da área de custos, o Dionísio me pediu para substituí-lo, daí eu fui para a DCS. Fiquei trinta anos nesse setor.
A tua primeira atividade na DCS foi ?
Custos e faturamento. Quando eu fui para DCS eu levei o faturamento que estava comigo na área de mercado. Faturamento, abertura de O.S.... só ficou a parte de contratos com a área de mercado na época.
Ficaste trabalhando na área de custos quanto tempo ?
Até 1999, dezenove anos.
Depois passaste para... ?
Depois eu passei para o financeiro...São 11 anos nesta área..
Quais foram os pontos positivos que tu consideras nesse período inicial na Companhia ?
Um dos grandes pontos positivos é que como a empresa era menor, todo mundo sabia onde a Empresa queria chegar. Todos os funcionários tinham conhecimento das diretrizes da Companhia
Então vocês tinham naquela época mais facilidade de visualizar os objetivos ?
Sim, o gerente chamava e falava: “o nosso norte é esse aqui... vocês tem que fazer isso... essa é a regra e daqui não pode passar”. Como as coisas eram rígidas, tu tinha que saber até onde podia ir.
Qual a tua formação escolar ?
Eu comecei faculdade de Administração na UNISINOS. Mas na época, como eu era responsável pelo orçamento da empresa, desde 1980, em 1982 eu tive que optar entre ficar na PROCERGS ou ficar na faculdade.Na época eu achei melhor ficar na Companhia, e nunca mais voltei.
Quais os momentos mais importantes para ti aqui dentro da PROCERGS ?
O mais importante foi justamente quando eu tomei a decisão de largar a faculdade e continuar na PROCERGS. Foi uma decisão difícil.
Naquela época teve alguma pressão da família ?
Não, na realidade a pressão foi mais da empresa, que precisava de mim... Tinha dias que eu nem ia fazer a prova na faculdade Eu já tinha tomado pau em 1981, repetindo cadeiras do curso de Administração. Eu vi que não estava dando... estava no quarto semestre fazendo cadeiras do primeiro e do segundo...
Dizem que trabalhar na PROCERGS, naquela época, era sinônimo de status.
Sim, era muito boa a remuneração na época... lembro que eram dois salários mínimos... Eu tinha carro, consegui comprar uma casa... e ainda aplicava tudo no armazém.
Na tua opinião qual é a receita para ter disposição no trabalho ?
É tu gostar do que faz.
Sempre gostaste da tua atividade ?
Eu sempre gostei de números. Com dezesseis anos eu já dava aula particular de matemática.
Mas no dia em que deixar a PROCERGS, que lembrança ficará ?
Foi a metade da minha vida... não é cinco ou seis anos.